sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Ao perder terá encontrado

 


“Estar apaixonado e sofrer a perda do amor nos joga em um lugar profundo. Nossos corações são tocados e nos abrimos a profundidades de dor e alegria, a sentimentos profundos talvez nunca experimentados antes. Embora todos estejamos provavelmente destinados, em algum estágio, a ter nossos corações partidos, é menos frequentemente entendido que essa "quebra" nos permite "abrir" mais nossos corações. E que essa abertura é para o Divino, para o amor infinito. Há um ditado entre os sufis que pede a Deus que parta o coração: "Quebre meu coração para que um novo espaço possa ser criado para um Amor Ilimitado". Experimentar a perda do amor paradoxalmente nos leva de volta ao amor, ao casamento interior e à sagrada sabedoria do coração. Em profunda vulnerabilidade, uma inteligência mais profunda surge ... 

O desgosto neste sentido é uma iniciação sagrada. A jornada para a cura após um coração partido está bem documentada em grandes mitos e histórias transmitidas a nós como parte de nossa herança arquetípica. A jornada sempre envolve provações e testes, morte (do ego) e renascimento de uma nova vida. Parte dessa jornada envolve a vontade de sofrer e de ficar no exílio por um tempo. Simbolicamente, estamos no exílio de qualquer maneira porque, quando estamos com o coração partido, ficamos divididos, e nossa busca de voltar para casa, para nós mesmos, representa nossa jornada de cura. Estar no exílio é estar separado dos outros, dividido internamente e forçado a uma busca de pertencimento ...

Somos recompensados ​​no final da nossa jornada, no final da nossa noite escura, pelo Amor. Nosso processo interno, se estiver totalmente engajado, leva a um encontro com nosso amante interno, nossos corações, de modo que nosso casamento seja com o outro, dentro do casamento interno. No espaço deixado vago pelo nosso amor perdido, nos encontramos ...

Ao perder o amor, você o terá encontrado.”

Benig Mauger

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

 


Você é solteiro e sente falta de um parceiro.

Você está em casal e falta liberdade.

Você trabalha e sente falta do tempo.

Você tem muito tempo livre e gostaria de trabalhar.

Você é jovem e quer crescer para fazer as coisas dos adultos.

Você é adulto e gostaria de fazer as coisas dos jovens.

Você mora na sua cidade, mas gostaria de viver em outro lugar.

Você está em outro lugar, mas gostaria de voltar para sua cidade.

Talvez seja hora de parar de olhar sempre para o que nos falta e começar a viver no presente, valorizando realmente o que temos.

Aproveite o perfume da sua casa antes de abrir a porta e sair procurando os perfumes do mundo. Porque nada é garantido, e tudo é um presente.


(autor desconhecido)



terça-feira, 18 de maio de 2021

Ontologia e terapia daseinsanalítica



Vida muerte vida


 “Lo visible dura un verano 

  y luego se marchita,

  pero aquello que le dio Vida

  se oculta bajo la Tierra

  y allí vive, inmutable,

  bajo la superficie 

  de los eternos cambios.

  Lo que se ve es la flor

  y ésta perece.

  El rizoma permanece”.


   ~Carl G. Jung~

segunda-feira, 15 de março de 2021

A volta ao lar: O retorno ao próprio self

"Há muitas formas de voltar ao lar. Muitas são rotineiras; algumas são sublimes. Minhas clientes me dizem que as seguintes iniciativas práticas representam uma volta ao lar para elas... embora eu deva advertir que a exata localização da saída para essa volta muda de vez em quando, de modo que num mês ela pode ser diferente do mês anterior.

Reler trechos de livros e poemas isolados que de alguma maneira nos comovem.
Passar alguns minutos junto a um rio, um córrego, um regato.
Ficar deitada no chão numa sombra rendilhada.
Ficar com quem se ama.
Sentar na varanda, tricotando ou descansando.
Caminhar, pra qualquer direção e depois voltar.
Tocar um instrumento enquanto se ouve música.
Assistir ao nascer do sol.
Ir de carro até algum lugar em que as luzes da cidade não prejudiquem a visão do céu noturno.
Orar.
Estar com uma amiga especial.
Ficar sentada numa ponte com as pernas balançando no ar.
Segurar um bebê no colo.
Sentar-se junto a janela de um café e escrever.
Sentar-se em um círculo de árvores.
Secar o cabelo ao sol.
Pôr as mãos num barril cheio de água da chuva.
Envasar plantas, fazendo questão de enlamear muito as mãos.
Contemplar a beleza e a graça, a comovente fragilidade dos seres humanos."


Trecho do capítulo 9, livro Mulheres que correm com os lobos de Clarissa Pinkola Estés.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Sobre mim

 


Hoje queria falar um pouco sobre o meu trabalho, falar para quem não me conhece, para quem já me conhece, e mesmo assim gostaria de saber um pouco mais sobre mim.

Atendo como psicoterapeuta clínica há mais de 10 anos e também me dedico a dar aulas de Yoga, alternando minha rotina entre esses dois trabalhos. Apesar de serem práticas muito diferentes, queria falar um pouco da relação que existe entre esses dois tipos de cuidado.

Como psicoterapeuta me baseio na abordagem fenomenológico-existencial para compreender meus pacientes e como professora de Yoga me fundamento nessa filosofia oriental milenar. Abordagens com origens e bases epistemológicas completamente diferentes, mas que possuem algo muito importante em comum: são práticas de auto-cuidado que buscam o alívio do sofrimento humano.

Como psicóloga recebo diversos tipos de demandas e me deparo frequentemente com casos em que o Yoga pode ser benéfico, ou ao contrário, como professora de Yoga muitas vezes percebo que a psicoterapia pode ser pertinente para determinado aluno.

Observo também que essas práticas podem se complementar. Por exemplo, na compreensão da fenomenologia-existencial não existe separação entre mente e corpo, o Ser é uma integridade, indissociada, inclusive, do mundo ao seu redor. Por outro lado, a palavra Yoga vem do sânscrito e significa “união”, e se refere a experiência de união consigo mesmo e com tudo o que existe, que acontece na prática, por meio da vivência.

Aqui o pensamento fenomenológico se aproxima da prática do Yoga e de uma certa forma o Ocidente dialoga com o Oriente.

Deixo aqui algumas reflexões iniciais e espero, num próximo post, falar mais sobre o meu trabalho e essa relação entre fenomenologia e Yoga que acabou acontecendo, mas também de cada tema em particular.

 

  


domingo, 10 de janeiro de 2021

O que somos

 Viajar?


Para viajar basta existir.


Vou de dia para dia, como de estação


para estação, no comboio do meu corpo,


ou do meu destino,


debruçado sobre as ruas e as praças,


sobre os gestos e os rostos,


sempre iguais e sempre diferentes,


como, afinal, as paisagens são.


Se imagino, vejo.


Que mais faço eu se viajo?


Só a fraqueza extrema da imaginação


justifica que se tenha que deslocar para sentir.


"Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl,


te levará até ao fim do mundo".


Mas o fim do mundo,


desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta,


é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu.


Na realidade, o fim do mundo,


como o princípio, é o nosso conceito do mundo.


É em nós que as paisagens tem paisagem.


Por isso, se as imagino, as crio;


se as crio, são; se são, vejo-as como ás outras.


Para que viajar? Em Madrid, em Berlim,


na Pérsia, na China, nos Pólos ambos,


onde estaria eu senão em mim mesmo,


e no tipo e gênero das minhas sensações?


A vida é o que fazemos dela.


As viagens são os viajantes.


O que vemos, não é o que vemos,


senão o que somos.


Fernando Pessoa