sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

a descoberta



“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.

Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha,
como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação:
quero entender um pouco. Não demais:
mas pelo menos entender
que não entendo”

Clarice Lispector, em “A Descoberta do Mundo” (1967*1973)

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Recomendo


A PRÁTICA CLÍNICA
 SOB O ENFOQUE FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL
Fundamentos filosóficos e práticas vivenciais
MÓDULO I
( Turmas de Agosto à Dezembro de 2017 )

OBJETIVO DO CURSO:
Oferecer subsídios teóricos e filosóficos a partir dos pressupostos daseinsanalíticos para a compreensão dos temas existenciais na prática clínica. O foco das aulas será a prática clínica.
       OBJETIVO ESPECÍFICO:
Primeira parte da aula: explanação teórica sobre o método fenomenológico, os temas                  existenciais e a compreensão da prática clínica.                          
Segunda parte da aula: vivências e reflexões, por parte dos alunos, a respeito dos temas  existenciais abordados. Essa reflexão tem como objetivo propiciar um espaço para que o aluno compreenda e sinta de forma mais própria os temas existenciais vivenciados em suas vidas.
TEMÁTICAS:
- ser-no-mundo e ser-para-morte                          - angústia e cuidado
- autenticidade / inautenticidade                           - espacialidade e temporalidade
- compreensão e disposição                                   - preocupação e decadência
- linguagem e discurso                                           - cotidianidade e liberdade
Todos esses temas darão base para compreender a prática clínica.
PÚBLICO-ALVO:
Graduandos, graduados em psicologia, terapeutas, estudantes/profissionais de áreas afins e qualquer pessoa interessada em reflexões à respeito da existência.
       CERTIFICADOS:
              Os certificados de conclusão serão entregues aos alunos que freqüentarem, no mínimo,
75% das aulas dadas.
DOCENTE:
Vanessa Maichin – CRP: 06/6051-2
Mestre em práticas clínicas pela PUCSP
Formação em psicoterapia fenomenológico-existencial
Formação em daseinsanalyse
Professora de pós-graduação na UNIPAR e UNIP
       DATA e HORÁRIO:
                          Sábado das 10h00 às 12h00 ( aulas a cada quinze dias )
                          Início: agosto de 2017  Término: dezembro de 2017
(datas das aulas: 19 e 26/08; 23 e 30/09; 21 e 28/10; 11 e 25/11; 2 e 9/12)

         
             INVESTIMENTO:
Valor total: 1.200,00
Pode ser parcelado em 6 vezes de R$ 200,00 ( 6 cheques pré-datados entregues no primeiro dia de aula ), ou
Á vista com desconto: 1.100,00

           LOCAL:
            Rua Teixeira da Silva, 329 – cj.31  (Travessa da Av. Paulista - próximo ao metrô Brigadeiro)

              INSCRIÇÃO:             
           R$ 50,00
      * a inscrição deverá ser realizada através de depósito bancário.    
        Banco do Brasil. Agência: 3023-6 Conta Corrente: 21.131-1 em nome de Vanessa Maichin.
        Para confirmar a inscrição, é necessário enviar um e-mail para vanessamaichin@gmail.com                  
        contendo nome, telefone, e-mail e comprovante do depósito.
      
            INFORMAÇÕES:
           tel/wats up (011) 995685158  / e-mail: vanessamaichin@gmail.com
            blog: souexistencialista.blogspot.com

Como o número de participantes por grupo é planejado para melhor aproveitamento das aulas, em caso de desistência, o valor pago não será devolvido, mas a pessoa poderá participar do grupo no semestre seguinte”.

      ****   Faça a sua inscrição, vagas limitadas   ***

terça-feira, 11 de julho de 2017

Um poema antigo, pra movimentar...


Viajante, o que define sua direção?
- Deixo-me ao sabor de mim mesmo...
O agora transcorre e tece o Tempo.
O meu próprio gosto e esse momento são a minha bússola:
Sou um náufrago das minhas profundidades,
onde encontrei a minha sorte, somos cúmplices.


terça-feira, 7 de março de 2017

Cântico VI

"Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acaba todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno."


Cecília Meireles

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Via Vênus Garden



"A palavra coração deriva do grego e do latim cor. Ambas têm origem na palavra hrid, do sânscrito, que significa saltar (Nager, 1993; Boyadjian, 1980; Acierno, 1994); em referência aos “saltos” que o coração realiza em resposta aos esforços e as emoções do dia-a-dia. Em português, coração vem do latim cor, da qual derivaram: coeur, em francês; cuore, em italiano; e corazón, em espanhol. Todas elas ramificações do latim. Uma exceção entre as línguas neolatinas recai sobre o romeno, que escreve inima, associado ao termo latino anima: alma. Muito antes da descoberta da função de bomba impulsionadora do sangue, o coração foi tido como centro da vida, da coragem e da razão. Seu símbolo é o mais universal. De onde, e, quando, surgiu essa representação, sempre despertou a curiosidade dos historiadores, vez que pouco tem a ver com o coração anatômico. Para alguns, sua origem deve-se à semelhança com a folha da hera, que na Antiguidade representava o símbolo da imortalidade e do poder. O coração participa no hinduísmo em diversos tipos de meditação e práticas; é com freqüência encontrado nos textos religiosos. É considerado lugar da "consciência pura", de Shiva, Brahman, Krisna, o deus absoluto (não-eu). Está além do tempo e do espaço, mas pode posicionar-se no coração físico ou um pouco mais à direita do centro, por meio do conhecimento. Para os sábios hindus, a consciência é o coração do hrdayam (hrd = coração + ayam = eu sou), o centro daquilo que somos realmente entre o centro e a totalidade. Para que se siga o caminho do coração, é necessário clareá-lo por meio da renúncia e sacrifício para que ele se torne um espelho mais acurado do self. O desejo de união com o self, é a meta, o que leva a imortalidade. O coração carnal e o espiritual fundem-se num só corpo na caverna do coração. Mais do que um órgão o Coração simboliza, universalmente, o amor."
Via A origem das palavras

Uma curiosidade bastante interessante é que a raiz etimológica da palavra “coração”, ou seja, cor ou cordis, deu origem a várias palavras da língua portuguesa. “concordar” é palavra formada do latim con + cordis, isto é, com coração. Quando duas pessoas concordam é porque seus corações estão juntos ou unidos. “Discordar”, por outro lado, é o oposto. Vem do latim dis (separar) + cordis. Quem discorda, portanto, afasta-se do coração do outro.
“Recordar”, por sua vez, quer dizer "trazer de novo ao coração". A expressão "saber de cor" também vem diretamente do latim: “saber de coração”, isto é, de memória. E, por último, vamos destacar a palavra coragem, do latim ação do coração.

Quando não concordamos com uma ideia, isso não significa que precisamos nos afastar do coração do outro, podemos com amor explicar o nosso ponto de vista e ouvir o do outro, afinal cada um tem a sua verdade, na sua realidade, e nossas almas estão aqui na terra em busca do amor e da evolução. <3

Arte: Por Carol Burgo.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Medos


Um medo passou por aqui, deu um sinal de canto de olhar e me aguardou passar logo a frente, a espreita.

Outro fingiu que me olhava pelo espelho retrovisor de um carro com pressa, cruzando a cidade na madrugada fria.

Um terceiro, parado na porta de casa, me pedia insistente sua cota de atenção, energia e vida.

Juntos, tentaram apenas me imobilizar, pedindo apenas que eu consentisse que já não era mais capaz de viver sem eles.

Fizeram juras de amor, cantaram canções, fizeram promessas de fidelidade.

Foram agressivos. Me disseram que sem eles, sem a frustração que me traziam, eu seria fraco, apenas um pouco mais de nada em meio a um mundo de fortes, todos eles protegidos por seus medos fieis.

Por longos anos, hesitei, lhes concedendo frestas de razão, a vez e a prioridade nas tomadas de decisão.

Mas, subitamente, hoje não. Hoje, talvez, eu de fato não seja mais eu e não me procure neles, para firmar referencia e saber o que fazer quando a vida me pegar desprevenido.

Hoje não. Não tenho resposta, só carrego perguntas. Não tenho certezas, só carrego a mente que é capaz de produzi-las.

Hoje o tempo vai passar diferente, apenas aguardando o agora no momento seguinte.

Hoje só direi talvez. E não direi talvez como quem duvida de si, mas como quem assiste aos diversos si surgindo e desaparecendo diante de si.

Hoje o quando desaparece de mim e surge, como se fosse um antigo conhecido, dando lugar a coragem do vir a ser.

Hoje, e talvez apenas hoje, os medos não me encontrarão igual, rindo de minha previsibilidade perante suas velhas questões e minhas velhas respostas.

Hoje, não. Hoje despertei menino, veloz, traquina, risonho. Hoje só cabe ele no espaço de um dia.


Dalton Martins