segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Psicodiagnóstico


Clínica Fenô&Grupos

A formação em coordenação de grupos é um trabalho de caráter vivencial. O objetivo é a instrumentação de cada participante a partir de recursos próprios e na produção de uma leitura fenomenológica sobre a dinâmica criada pelo grupo, bem como no processamento das experiências emergentes. Para isso, a formação propicia a cada participante a experiência de ser membro, coordenador e observador de grupo. Compreendemos que é somente com base na experiência vivenciada que os fenômenos presentes numa situação grupal podem se dar e serem tematizados.

Ao longo de cada encontro da formação o processo grupal é vivenciado e, partindo-se dele, a leitura fenomenológica vai se desenvolvendo. Para complementá-la, são apresentadas referências bibliográficas que a fundamentam, assim como são discutidos contrapontos com outras interpretações.

A vivência da situação grupal e a leitura fenomenológica possibilitam a compreensão de fenômenos grupais nos mais variados contextos, do consultório particular à instituição, com grupos psicoterapêuticos e dinâmicas grupais. Por isso, a formação instrumentaliza profissionais que lidam com grupos, sejam eles das áreas psi ou outras.

Fenô&Grupos também disponibiliza a experiência de estágio observando e/ou coordenando grupos psicoterapêuticos em instituição de saúde mental, dependendo da disponibilidade do participante e da instituição.

A formação também inclui o desenvolvimento de projetos em fenomenologia nas áreas clínica, hospitalar, institucional e social.

Fazemos um processo seletivo dos participantes para garantir a qualidade da formação e propiciar um clima que facilite a integração e a troca de experiências profissionais e pessoais - o que chamamos de coesão grupal.

A Clínica Fenô&Grupos, onde são realizados os encontros, está situada muito próxima ao metrô Ana Rosa, sendo, portanto, perto do aeroporto de Congonhas, da Av. Paulista e de vários hotéis. As datas dos encontros em 2014 são: 15/03, 12/04, 17/05, 7/06, 16/08, 20/09, 18/10 e 29/11 (sábados) das 9:00 às 18:00.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Bem x Mal

"Para ações más, a resposta educativa do mal. Fingimos que estamos ensinando bons valores, bons costumes, como ser um “respeitável cidadão de bem”, torturando, humilhando, desumanizando. Com o escudo moral da educação, dormimos sem culpa, naturalizados, neutralizados, deixando nosso ódio, nosso ímpeto de vingança no livre-arbítrio da docência sobre a decência. Sob a égide do santo ofício do bem-querer social, o mal-me-quer tem sido o ensino escolhido por uma sociedade cheia de dentes babando por justiça, presa pelo lado de fora, sem chaves, porque cem grades. Em suas mãos, vodoos. Representações em forma, concentrados químicos, vulcões, alvos, poros, amontoados genéticos atuando aquilo tudo que o coletivo "de bem" renega em si e segrega, secretando em segredo, dos mais altos penhascos do medo, suas salinas salivas de ódio.

Espeta, amassapisa, vodoo bom é vodoo morto!?"


Luanda Francine - Filósofa e Psicanalista




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Na presença do sentido, uma aproximação fenomenológica a questões existenciais básicas

"Vamos esclarecer o nosso emprego da palavra sentido, visto que ela é sempre discutível, principalmente quando queremos explicá-la através da linguagem do conhecimento. Usamos essa palavra aqui em sua acepção mais simples. Trata-se daquele sentido que, na hora em que falta, todos nós sabemos de que se trata. É o sentido primário, fundamental, a que nos referimos quando perguntamos: “qual o sentido de nossas vidas? Qual o sentido de estarmos aqui?”.

Algumas vezes na vida, passamos por situações nas quais o sentido se perde. Há uma situação específica em que isso ocorre de forma drástica e intensa: o momento em que vivenciamos a morte de um sonho. Essa é uma experiência humana única, pois só os homens sonham. Referimo-nos ao sonho como perspectiva, esperança. Não só o homem é o único animal que sonha como também, uma vez tendo conquistado o direito de sonhar, transformou o sonho em seu valor mais alto.

A imagem do herói , em todas as épocas e culturas, é sempre a imagem daquele que colocou o sonho acima de tudo, até da conservação da vida e da preservação da espécie.

Numa belíssima cena do filme 2001, uma odisséia no espaço, um computador ultrapassa suas funções e começa a enlouquecer. Impulsionado por uma grande aspiração, pergunta ao cosmonauta: “Será que eu posso sonhar?”. Porque em sua perfeição técnica faltava o sonho.

Mas o sonho também morre, e quando isso acontece ficamos provisoriamente privados de sentido. Quando tudo aquilo que esperamos, a que nos dedicamos, em nome do que nos organizamos, morre, nossa vida morre também. Nesse momento, vivemos duas experiências interligadas. Ao mesmo tempo em que percebemos grande lucidez e clareza, esta é absolutamente incompatível com a ação, porque não há motivo para fazer coisa alguma.

A morte do sonho traz uma experiência muito forte de solidão. Ao conversarmos com pessoas que vivem o drama de uma solidão muito intensa, em geral, deparamos com um sonho que morreu. Para tais pessoas, o afeto, a preocupação, a proximidade dos outros aprofundam ainda mais sua solidão. É como se o amor e a preocupação dos outros ao redor fossem absurdos e vazios, porque, sem o sonho, nada se articula, o sentido é negado e não se tem como acolher e muito menos retribuir carinho.

Muitas vezes a pessoa carrega em si um sonho que morreu, e ela não consegue abandonar e enterrar esse sonho, pois isso é assustador. É assustador porque a desilusão com um amor ou um ideal dá a impressão de que jamais ela poderá amar ou ter ideais de novo. Então, ela se agarra ao sonho morto, e este a escraviza na condição de ausência de sentido. É muito difícil nos aproximarmos da pessoa que vive esse momento.

O fim de um sonho é uma das formas de perda do sentido. Essa perda traz não apenas dor. A pessoa pode sentir que perdeu também exatamente o que fazia sua existência ser digna de ser vivida. É como se ela se sentisse ferida em sua dignidade. Desaparece o que tinha importância, e , nessas horas em que um sentido muito importante da vida se desarticula, o perigo é que isso arraste tudo o mais, num movimento que tende a escravizar todas as coisas de qualquer significado que ainda possam ter.

Na ausência de sentido, fica difícil viver. Mas se a pessoa compreender que, embora sonhos se acabem, a possibilidade de sonhar permanece, ela poderá restabelecer um sentido.

Depois de abandonar um sonho morto, é hora de começar a sonhar de novo; é hora de começar a habitar um novo sonho.

Que é habitar um sonho?

Sabemos que somos frágeis; por isso, precisamos de um lugar para morar. Isso vai além da concretude do lugar, queremos habitar “em casa”.

Mas a necessidade de habitar ainda vai mais longe. Dotados de linguagem, percebendo significados, e capazes de sonhar, o precisar “estar-em-casa” tem uma amplitude maior.
Precisamos habitar no sentido das coisas, habitar nossos sonhos, que são os grandes articuladores de sentido.

Quem já passou pela experiência de perder o sentido sabe o que isso quer dizer: chegar em casa e não ter mais casa, só um espaço vazio.

Habitar no sentido é a possibilidade de procurarmos.

Na condição de seres que sonham e vêem seus sonhos morrerem, há uma situação muito angustiante que se manifesta na tentativa desesperada de, ao sentir que um sonho esta acabando, querer preservá-lo de qualquer jeito, acima de toda a experiência. É a tentativa de radicalizar o sonho por não admitirmos que nada o ameace. Assim, o sonho já não é algo cheio de vigor, capaz de se confrontar e de se relacionar com as coisas; tornou-se um sonho moribundo, que não queremos deixar morrer. Para não o deixarmos morrer, começamos a ser cada vez mais agressivos com relação a tudo que o ameace. Já não habitamos mais o sonho, passamos a defendê-lo e nos tornamos escravos daquilo que esperamos a qualquer custo. Nisso, perdemos a liberdade.

A pessoa nessa situação não se dá conta de que, assim como é preciso habitar no sentido, como sonhadores, por outro lado, estamos destinados ao desenvolvimento, não podemos ficar parados lá atrás.

Nós temos de nos desenvolver. O desenvolvimento não é uma opção nossa, assim como não o são o sentido e o habitar. Precisamos nos des-envolver, des-cobrir nós mesmos e o mundo. Isso faz parte do nosso destino, entendido não como algo previamente definido e demarcado, como uma obrigatoriedade ou regido por uma causalidade férrea. Empregamos a palavra destino da mesma forma como a encontramos na estação rodoviária ou no aeroporto: “Atenção passageiros com destino a...”.

O que define o passageiro é o seu destino. Dessa mesma forma, também somos destinados a nos desenvolver na direção do horizonte para o qual caminhamos.

Somos destinados, mas podemos nos perder: podemos perder nossa morada no sentido, não saber o que fazer com a liberdade, sentir dificuldade para prosseguir em nossa direção. Nesses momentos é preciso cuidado...Talvez isso justifique termos dito, no início, que procura , é pró-cura, é para cuidar.

Estamos chegando a poder dizer que é a procura, via poiesis, pela verdade que liberta para a dedicação ao sentido.

Somos todos lançados nesse processo que é a existência, pois recebemos a vida à revelia de qualquer decisão própria. Podemos decidir sobre possibilidades de rumos diferentes que queiramos seguir, mas há uma coisa que vale para todos nós: enquanto existimos, estamos destinados ao próprio desenvolvimento, habitando o sentido ao qual nos dedicamos na efetivação da nossa liberdade, radicada na verdade que liberta e que nós procuramos. Às vezes, perdemos esse sentido e então temos, pela via da poiesis, uma forma de reencontrá-lo."

João Augusto Pompeia e Bilê Tatit Sapienza 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Reflexão

"Quem coloca ruidosamente a caça aos marajás no centro de sua vida está lidando (mal) com sua própria vontade de colocar a mão no pote de marmelada. Quem esbraveja raivosamente contra "veados" e travestis está lidando (mal) com suas fantasias homossexuais. Quem quer apedrejar adúlteros e adúlteras está lidando (mal) com seu desejo de pular a cerca ou (pior) com seu sadismo em relação a seu parceiro ou sua parceira.
O exemplo da adúltera, aliás, serve para lembrar que a psicologia dinâmica, no caso, confirma um legado da mensagem cristã: o apedrejador sempre quer apedrejar sua própria tentação ou sua culpa."
Contardo Calligaris

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

CURSO DE FENO (turmas de março aos sábados)



A PRÁTICA CLÍNICA SOB O ENFOQUE FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL

OBJETIVO DO CURSO:
Oferecer subsídios teóricos e filosóficos a partir dos pressupostos daseinsanalíticos para a compreensão dos temas existenciais na prática clínica.
OBJETIVO ESPECÍFICO:
Primeira parte da aula: explanação teórica sobre o método fenomenológico, os temas existenciais e a compreensão da prática clínica.
Segunda parte da aula: reflexão, por parte dos alunos, a respeito dos temas existenciais
abordados. Essa reflexão tem como objetivo propiciar um espaço para que o aluno compreenda
de forma mais própria os temas existenciais vivenciados em suas vidas.
TEMÁTICAS:
- ser-no-mundo e ser-para-morte - angústia e cuidado
¬- autenticidade / inautenticidade - espacialidade e temporalidade
- compreensão e disposição - preocupação e decadência
- linguagem e discurso - cotidianidade e liberdade
PÚBLICO-ALVO:
Graduandos, graduados em psicologia, terapeutas e estudantes/profissionais de áreas afins.
CERTIFICADOS:
Os certificados de conclusão serão entregues aos alunos que freqüentarem, no mínimo,
75% das aulas dadas.
DOCENTE:
Vanessa Maichin – CRP: 06/6051-2
Mestre em práticas clínicas pela PUCSP
Formação em psicoterapia fenomenológico-existencial
Formação em daseinsanalyse
Professora de graduação na UNIP e de pós-graduação na UNIPAR
DATA e HORÁRIO:
Sábado das 10h00 às 12h00
Datas dos encontros: 8 e 22/03, 5 e 12/04, 10 e 17/05, 7 e 14/06
Início: 8 de março.

INVESTIMENTO:
5 parcelas de R$ 190,00 ( 5 cheques pré-datados)

LOCAL:
Rua Comendador Paulo Brancato, 141 - Vila Mariana (Próximo ao metrô Vila Mariana)
INSCRIÇÃO:
R$ 30,00
* a inscrição deverá ser realizada através de depósito bancário.
Banco do Brasil. Agência: 1191-6 Conta Corrente: 14628-5 em nome de Vanessa Maichin.
Para confirmar a inscrição, é necessário enviar um e-mail para vanessamaichin@gmail.com
contendo nome, telefone, e-mail e comprovante do depósito.
INFORMAÇÕES:
tel.: (011) 32073694 / e-mail: vanessamaichin@gmail.com
blog: souexistencialista.blogspot.com

**** Faça a sua inscrição, vagas limitadas ***

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O que aprendi com a desescolarização | Ana Thomaz

Liberdade de expressão

Quando você fala "Fulano é chato", esta é sua opinião pessoal sobre Fulano.
Quando você fala "Fulano é um viadinho chato", você está sendo homofóbico.

Quando você fala "Aquele cara é um idiota", esta é sua opinião pessoal sobre o cara.
Quando você fala "Aquele preto é um idiota'", você está sendo racista.

Quando você fala "Aquela mulher é um porre", esta é sua opinião pessoal sobre a mulher.
Quando você fala "Ela é um porre… MULHERES!", você está sendo misógino.

Quando você atribui características negativas a alguém, usando como base seu gênero, etnia ou orientação sexual, você está sendo preconceituoso.

Seres humanos têm defeitos e qualidades e isso não tem nada a ver com seu órgão reprodutor, com quem ou como essas pessoas fazem sexo e muito menos com a cor da pele.

É preciso parar de confundir racismo, machismo e homofobia com opinião.

Se você usa sua liberdade de expressão para ofender, inibir ou constranger outras pessoas, isso se chama opressão.

Texto: Maria Luiza Rodrigues